Peste negra: números e curiosidades que você não sabia!

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Você já deve ter ouvido falar da peste negra que assolou a Europa, mas será que sabe tudo sobre ela? Venha conferir aqui!

A Peste Negra foi a pandemia mais devastadora registada na história humana, atingindo principalmente a Eurásia. Nessa lista pontuamos as principais curiosidades dessa calamidade histórica que você precisa conhecer!

1- A origem do nome “Peste negra”

Ratos negros – Imagem BBC

Devido a cor das manchas negras na pele causadas pela doença e também pelos ratos que são vetores serem ratos negros. Também foi conhecida como “Peste Bubônica” devido a um dos seus sintomas mais característicos: Os bubões. Bubões nada mais são que  inchaços infecciosos no sistema linfático, sobretudo nas regiões das axilas, virilha e pescoço.

2- Primeiro registro pode ser bíblico

Relatos antigos – Reprodução imagem Aventuras na Historia – UOL

Apesar dos relatos mais detalhados se tratarem do surto da Europa Medieval em 1347. Estudos sugerem que a doença pode ser bem mais antiga, pois há relatos bíblicos mostrando que desde a antiguidade o Oriente Médio estava exposto a esse perigo mortal. Veja aqui trechos bíblicos que relatam a doença:

“A mão do Senhor veio contra aquela cidade, com uma grande vexação; pois feriu aos homens daquela cidade, desde o pequeno até ao grande e tinham hemorroidas nas partes secretas” (Samuel 1:6.9)

Nessa época a ligação entre ratos e a doença já havia sido estabelecida, por isso os Filisteus castigados aceitaram devolver a arca com a oferta de 5 ratos e 5 hemorroidas de ouro (Sim, você não leu errado)

“Fazei, pois, umas imagens das vossas hemorroidas e as imagens dos vossos ratos, que andam destruindo a terra, e dai glória ao Deus de Israel” (Samuel 1:6,5)

Porém, os hebreus também foram acometidos pela doença ao receber a arca de volta

“E feriu o Senhor os homens de Bete-Semes, porquanto olharam para dentro da arca do Senhor, até ferir do povo cinquenta mil e setenta homens; então o povo se entristeceu, porquanto o Senhor fizera grande estrago entre o povo” (Samuel 1:6,19, A Bíblia Sagrada, 1981, pp. 287-289).

A referência do inchaço da região inguinal como uma afecção benigna como hemorroida pode ser devido ao erro de tradução, pois a palavra “Epholim” do texto original hebraico tem simplesmente o sentido de inchação, tumefação.

3- Usada como arma de guerra

Catapulta – Reprodução HISTÓRIA VIVA

Há os que acreditam que a origem da peste se deu na Mongólia com Genghis Khan. O terrível e poderoso imperador conquistou em menos tempo um território maior do que a Roma antiga levou séculos para conquistar. Dizem que em uma batalha para conquistar uma cidade chamada Caffa, sendo esta bem protegida, o imperador usou corpos mortos pela peste. Eles catapultavam os corpos para dentro da cidade e fugia deixando a peste de presente.

4- Há formas diferentes de transmissão

Peste negra – Imagem reprodução Academia Mineira de Medicina

Primeiramente é importante ressaltar que há três formas clínicas principais, pois essas se manifestam e são transmitidas de forma diferente. São elas: bubônica, pneumônica e septicêmica.

Bubônica: Picada de pulgas (comuns em ratos) infectadas Yersinia pestis

Septicêmica: Picada de pulgas (comuns em ratos) infectadas pela bactéria Yersinia pestis que se multiplica no sangue

Pneumônica: Gotículas aerógenas lançadas pela tosse no ambiente

A maior transmissibilidade se dá no período sintomático, em que o bacilo circula no organismo em maiores quantidades.

5- Principais sintomas

Sintomas – Reprodução imagem Wikipedia

Na Peste Bubônica, os sintomas são:

Febre alta, calafrios, dor de cabeça intensa, dores generalizadas, falta de apetite, náuseas, vômitos, confusão mental, olhos avermelhados, pulso rápido e irregular, pressão arterial baixa, prostração e mal-estar geral, após 2 ou 3 dias, aparece tumefação nos linfonodos superficiais.

Na Peste Septicêmica, os sintomas são:

Febre alta, calafrios, dor de cabeça intensa, dores generalizadas, falta de apetite, náuseas, vômitos, confusão mental, olhos avermelhados, pulso rápido, hipotensão arterial, prostração, dispneia, estado, geral grave, dificuldade na fala, hemorragias, necrose dos membros, coma, morte.

Na Peste Pneumônica, além dos sintomas comuns às outras duas formas clínicas, o paciente ainda apresenta:

Dor no tórax, respiração curta e rápida, dispneia, cianose, expectoração sanguinolenta, delírio, coma, morte.

6- Como chegou na Europa?

peste negra
Rato navio – Reprodução Imagem Aventuras na história

Caravanas provenientes da China e Ásia central atracavam em cidades costeiras da Europa, como Veneza e Gênova. No entanto, além de mercadorias, essas caravanas trouxeram a bactéria Yersinia pestis transmitida por vetores como rato preto e pulgas. A higiene e saneamento básico precários da época favoreceram a atração e proliferação desses animais e consequentemente da doença. Com a evolução da doença ela começou a ser transmitido pelo ar através de espirros e contato com secreções e materiais contaminados.

7- Matou muito mais que a COVID

Mortes – Reprodução Ensinar História

O auge da epidemia se deu na Europa na idade média (século XIV)1347 e 1351. Estimasse que 1/3 da população foi dizimada pela doença, cerca de 75 a 200 milhões de pessoas, porém há quem diga que esses números foram muito maiores. A peste causou muita destruição física e psicológica, no seu auge, em cidades francesas e italianas matava cerca de 300 a 500 pessoas por dia.

A título de curiosidade, a epidemia da peste negra matou muito mais que a COVID 19 que segundo última atualização teve 6,22milhões de mortos. Obviamente a tecnologia hoje está muito mais avançada.

8- Tratamento medieval

peste negra
Peste negra – Imagem Aventuras na história – UOL

O tratamento de uma doença tão devastadora diante de uma medicina despreparada e muito supersticiosa foi precário. Os médicos usavam capas, chapéus, luvas, instrumentos de cabos longos para evitar contato com os doentes. Além disso, havia uma mascara com um bico de pássaro onde colocavam perfumes e especiarias como se fosse um filtro, pois acreditavam que a causa da peste era uma nuvem tóxica chamada miasma. Para a moléstia usavam chás e orações. O que realmente ajudou a controlar os números foi a quarentena e o fechamento de fronteira adotados por algumas cidades.

9- Misticismo e religião

peste negra
Sintomas – Imagem Brasil Escola – UOL

Na idade médica muito não podia ser explicado pela ciência, então a religião assumia essa tarefa. Muitas das explicações buscavam buscar um bode expiatório para a doença, alguns deles foram:

  • Os gatos que considerados como associados as bruxas e a demônios foram quase exterminados da Europa nessa época;
  • Os Judeus por migrarem com frequência, acreditavam que eles envenenavam a água e muitos foram massacrados e jogados vivos nas fogueiras.

A doença era encarada como castigo Divino, devido ao estilo de vida da época, pessoas viciadas em jogos, prostituição e violência eram comum no dia a dia. Com isso, surgiram “os Flagelantes” que passavam de um vilarejo a outro, seminus se autoflagelando, para pagar os pecados do mundo.

Além disso, haviam outras crenças absurdas, por exemplo: mmesmo entre os médicos havia quem acreditasse que a doença se transmitia apenas com o olhar.

10- Como eram tratados os doentes e para onde iam os mortos?

Mortos pela peste negra – Reprodução Imagem Blog do QG do Enem

As pessoas tinham um medo absurdo de pegar a doença, por isso os parentes infectados eram tratados como cães. Segundo um cronista Avignon em 1348:

Jogavam a comida e a bebida na cama e depois fugiam de casa. Finalmente, quando morriam, camponeses fortes vinham das montanhas da Provença, miseráveis e pobres e sujos, chamados gavots [coveiros]. Pelo menos, em troca de um bom pagamento, carregavam o corpo para o sepultamento. Nenhum parente ou amigo mostrava preocupação com relação ao que pudesse estar acontecendo. Nenhum padre vinha ouvir a confissão do moribundo ou administrar-lhe os sacramentos.

Em contraste com a forte religiosidade da época, muitos ritos deixaram de ser cumpridos devido ao medo de contrair peste negra. Um tanto cruel, todavia, talvez se não houvesse esse receio a epidemia demoraria ainda mais para perder força e os números seriam mais assustadores.

Referências:

PESTE. Ministério da Saúde, Brasil, 29 de dez. de 2021. Saúde de A a Z. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/p/peste-1#:~:text=A%20transmiss%C3%A3o%20da%20Peste%20na,no%20organismo%20em%20maiores%20quantidades.>. Acesso em: 25, abril de 2022.

REZENDE, JM. À sombra do plátano: crônicas de história da medicina [online]. São Paulo: Editora Unifesp, 2009. As grandes epidemias da história. pp. 73-82. ISBN 978-85-61673-63-5. Disponível em SciELO Books.

QUÍRICO, T. (2012). Peste Negra e escatologia: os efeitos da expectativa da morte sobre a religiosidade do século XIV. Mirabilia: electronic journal of antiquity and middle ages, (14), 135-155. Disponível em: <https://raco.cat/index.php/Mirabilia/article/view/283109/370981>. Acesso em: 26, abril de 2022

Leia também: 10 curiosidades sobre o corpo humano

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